Geologia da Chapada Diamantina
O que é a Chapada Diamantina?
O Parque Nacional da Chapada Diamantina fica na região central da Bahia, entre 4 cidades que são: Andaraí, Lençóis, Mucugê e Palmeiras. Entretanto, sua região identitária engloba cerca de 24 cidades em torno do Parque Nacional (podem ser mais a depender de quais aspectos geográficos estaremos levando em consideração). Se observarmos um mapa da Bahia veremos uma espécie de “espinha”, como uma coluna, ali está a Chapada de norte a sul (Foto 1). Ao aumentarmos a distância de percepção do mapa, veremos que essa espinha se estende até a região central de Minas Gerais, com uma “pequena falha” na divisa entre os estados (Foto 2). Essa formação que vemos do norte da Bahia até Belo Horizonte é o Supergrupo Espinhaço, nossa mini cordilheira brasileira.
Cordilheira do Sincorá, bacias do Rio Paraguassu, Rio de Contas, etc…
Supergrupo Espinhaço, considerada a única cordilheira do Brasil.
Esse é o resultado de mudanças na forma e relevo da Terra no decorrer de 4,5 bilhões de anos. Inclusive, aqui na Chapada Diamantina é um dos melhores lugares para se observar e perceber toda a nossa evolução planetária, devido a idade das formações que temos em grande área da região, além dos fósseis, pinturas rupestres e toda história que sucedeu-se e consequentemente afetaram a paisagem da região em alguma escala. Hoje a região é repleta de serras, conglomerados de rochas sedimentares, cavernas, além das belezas que atraem turistas do mundo inteiro como a Cachoeira da Fumaça, Gruta da Lapa Doce e Mirante do Vale do Pati. E a Cordilheira do Espinhaço por sua vez possui mais de 1.000km de extensão (norte a sul), marcando a paisagem brasileira.
Como se formou a Chapada Diamantina?
Na Chapada Diamantina são encontrados vários grupos de rochas, destaque para:
- Rochas Calcárias e Salitres, encontrados principalmente entre Irecê e Iraquara, mas também muito abundante na região mais ao sul próximas a Andaraí e Nova Redenção, essas rochas ficam nos arredores do percurso do Rio Una, um dos principais afluentes do Rio Paraguassu, e potencialmente seja o último grupo a ter sido formado. Nessas regiões chamam muita atenção devido a formação de muitas cavernas e grutas, atraindo muitos pesquisadores e turistas. Há muitos relatos de fósseis no interior do Poço Azul, por exemplo.
- Conglomerados de Arenito, são as formações mais antigas da Chapada Diamantina. Um conjunto de rochas sedimentares de diversos tipos e origens que após o soerguimento formaram planaltos, vales e serras. Encontradas em todo Parque Nacional e arredores.
Essas são as mais encontradas, porém existe uma infinidade de rochas e formações como as Rochas Igneas e Formação de pequenas dunas em áreas menores no interior da região. Para resumir, o biólogo Roy Funch em seu livro “Um guia para a Chapada Diamantina” descreve esse movimento como a montagem de um bolo de várias camadas que preenche toda a bacia. Durante esse tempo o supercontinente se separa e posteriormente se junta por mais 2 vezes, o que faz nosso “bolo” ficar completamente disforme e quebrado, dessa maneira a Chapada está mais parecida com o que conhecemos hoje. Os encontros e desencontros dos continentes causaram diversos acidentes geológicos em toda a terra e em nossa bacia não seria diferente.
Entre os choques das placas tectônicas e continentes, o soerguimento foi o acidente geológico mais determinante para a paisagem característica da Chapada Diamantina. Imagine dois continentes se chocando e durante o “impacto” (que pode durar milhões de anos) uma porção de terra desce e em contrapartida a outra porção de terra é elevada. O mesmo aconteceu quando a Índia foi incorporada na Ásia criando a cordilheira do Himalaia, no nosso caso, quando a América se juntou com o continente africano.
Após isso a erosão fez seu trabalho de abrir os vales, cavernas e grunas, redesenhando toda a paisagem até os dias de hoje como a conhecemos. A água lentamente vai penetrando entre as rochas e extraindo lentamente pequenos sedimentos que consequentemente irão para os rios e oceanos para que formem as montanhas do futuro daqui a milhões de anos quando os continentes se chocarem de novo.
Referências:
- Roy Funch – Um Guia Para a Chapada Diamantina
- Info Escola
Informações Complementares:
